As primeiras memórias de Joaquim Sardinha
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01 Fevereiro 2015
Distrito: Lisboa Autor: Joaquim Francisco da Silva Sardinha

As primeiras memórias de Joaquim Sardinha

A primeira vez que participou numa campanha, foi em 1979. “A lista era composta pelo Sr. Filberto Barquinha; o número dois era o Sr. Joaquim do Val Morais, o número três o Major João Gomes e o número quatro era eu.” Com esta lista, “retirámos o Partido Socialista da Câmara.”

Cinco anos tinham passado desde que ouvira falar pela primeira vez do Partido Popular Democrático. Antes de se tornar militante, julga Joaquim Sardinha, “que em ‘79” , frequentava a sede da Buenos Aires, onde havia uma “secção de Económica” junto à sua faculdade.

Tem 35 anos de militância no PSD e é, até à data desta edição, o militante que mais vezes esteve à frente da Comissão Política de Mafra, tendo sido presidente por seis vezes.

Lembra-se de terem de fazer “coisas básicas” ao longo desses anos. “O concelho, mais de 40% não tinha alcatrão; a maior parte foi alcatroada até 1985/86.” E refere que todos os trabalhos de alargamento da “rede de saneamento básico, a água, postes de iluminação, asfalto… foi tudo feito com o orçamento da época.” Em comparação com os dias de hoje, a diferença de orçamento era de 2,4 milhões de euros e os 50 milhões atuais.

Nesse período, o partido era constituído pela Comissão Política mais o Sr. Lino Camilo Ferreira “ou o Senhor Lino mais a Comissão Política.” Para Joaquim Sardinha, esta é uma questão importante porque “uma grande quantidade de militantes aderiam ao partido através do Sr. Lino e era através dele e do saudoso Sr. Daniel Lourenço que mantinham a vivência partidária.”

Do Sr. Daniel Lourenço, Joaquim Sardinha guarda “uma simpatia particular, porque ele conhecia-me desde miúdo. Fazia pressão sobre mim para que eu assumisse posições mais relevantes, até na política local. Eu é que, como todos sabem, não estava muito para aí virado.”

“À época” Mafra apresentava-se como o concelho com “mais actividade independente”. Porquê? Porque num país “absolutamente rural” vive-se do comércio; e de Mafra partiam comerciantes “que iam vender a Lisboa, a Cascais… e eram frutas, legumes ou ovos. Todo este tipo de atividade era desenvolvida no concelho e isso fez com que as pessoas defendessem a sua propriedade de forma absoluta.” É por isto que Joaquim Sarinha acredita que o PSD em Mafra era o partido mais interclassista da sociedade portuguesa.

Joaquim Sardinha recorda-se que no dia 5 de Abril de 1991 foi pela primeira vez eleito para Presidente da Comissão Política cujo mandato terminou em 14 de Dezembro do mesmo ano, dia este em que iniciou novo mandato como Presidente mas desta vez até Dezembro de 1994.

Recorda ainda que em Janeiro de 1995 a Comissão Politica passa a ter Filipe Abreu como Presidente, mas em Julho de 1996 volta a ser Joaquim Sardinha o líder da Secção de Mafra, função para que vai sendo sucessivamente eleito até 2002. Curiosamente, de 2002 a 2004 é João Corte-Real o Presidente regressando Joaquim Sardinha em 2004 para assumir até 2006 a Presidência da Comissão Política.

Val de Morais chegou a falar com Joaquim Sardinha sobre a sua candidatura à presidência da Câmara “no final de ‘85”, algo que pôs de lado logo à partida. “Era desgastante trabalhar numa câmara onde o partido que ganhava tinha de prestar contas todos os dias ou todas as semanas à oposição, por estar em minoria.” Na altura existiam três elementos do PSD, três do PS e um do Partido Comunista.

O problema não era o diálogo com a oposição. Era o “escrutínio exaustivo” de que eram alvo, “na tentativa de não deixar fazer ou criar obstáculos em tudo o que se podia concretizar.” Num ano, não se recorda exatamente qual, a oposição estava “feroz” na aprovação do orçamento e do plano de atividades. Quando usou na palavra, Joaquim dirigiu-se à Assembleia, “nomeadamente ao Partido Socialista”, e disse: “Se não concordam com o plano de atividades, pelo menos aprovem o orçamento, porque a gente escusa de viver em duodécimos.” A proposta passou e Joaquim Sardinha recorda a história como “simpática, relativamente à forma como a oposição era feita.”

Passados uns tempos, vieram perguntar-lhe sobre o Plano de Atividades, “quando vinha” e à pergunta ele respondeu, muito simplesmente: “Agora já não é preciso, porque eu já tenho o orçamento feito.” Depois de recordar este episódio refere “naturalmente” que “estas só se fazem uma vez na vida.”

Os nomes que lhe vêm à memória durante todos esses anos são os de Pedro Roseta, Isaltino Morais e Manuela Ferreira Leite, esta “talvez a personagem mais interessante sob o ponto de vista da capacidade de interação, de luta, de luta mesmo.” Recorda então um episódio da Dra. Manuela Ferreira Leite que deixou incomodado o Eng.º José Maria Ministro dos Santos.

“Ela telefona a Ministro dos Santos e diz que conta com ele para se recandidatar.” E depois do telefonema, Ministro dos Santos liga a Joaquim Sardinha para dizer que sempre fora convidado pessoalmente e que ele tinha de resolver aquilo. Joaquim Sardinha ia a caminho de Lisboa para falar com Manuela Ferreira Leite, tentando explicar que seria preciso mais do que um telefonema. “A determinada altura diz Manuela Ferreira Leite: mas vocês em Mafra são muita complicados.”

“Nós hoje sabemos outras coisas, mas estávamos convictos que estávamos a fazer uma grande obra.”

Lembra-se também de outro episódio ainda na altura das Forças Populares 25 de Abril e das ameaças a meio da noite. Segundo Joaquim Sardinha “o Eng.º Ângelo Correia veio a Mafra e nós estivemos a almoçar. Veio numa viatura do Estado e como eu era o mais novo preparei-me para me sentar no lugar da frente, ao lado do motorista, mas ele interrompeu-me dizendo que quem ia frente era ele. Depois colocou uma Walter, um pistolão em cima do tablier e disse que o primeiro tiro era dele.”

As lembranças são hoje feitas em sorrisos, “peripécias” e do episódio do carro emprestado por Val Morais a Ramalho Eanes em que “toda a gente tem visível na sua memória uma imagem do Eanes de peito aberto, em Évora, em cima de um Peugeot 504.” Mas a melhor memória que guarda desses tempos foi do jogo político, “onde se jogava tudo por tudo para construir a autoestrada, e chegavam fax’s a meio da noite do Gabinete do Ministro das Obras Públicas a dizer que nós não podíamos avançar com aquilo. Foi para mim o momento mais simpático: nós queremos fazer e os gajos não nos deixam fazer. Fomos em frente e acho que a obra está aí.”

Para o futuro, Joaquim Sardinha espera que o PSD continue a ser um partido de valores, que olhe para as pessoas primeiro. Se há na política portuguesa um partido que esteja genuinamente interessado na evolução das populações e da sociedade, esse partido é o PSD.”

Vice-presidente CMM
Militante que mais vezes presidiu à CPS Mafra (6 vezes)

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